Poção de vida

Vida...
te quero vida...
Te quero junto, sempre...
Junto...
Cheiro, toque, beijo, suor, desejo...
Essência...
Tua essência, 
Mulher sábia...
Que dança,
E levita, 
E corre com lobos,
E que um dia me escolheu...
E a quem eu me entrego...
Tesão, corpo, alma...
Vida, essência...
Junto...
Amor imenso.


Receita de conserva de amor

Coloque uma pitada distância
Digamos… uns 5.000km

Acrescente um pouquinho dos castelos do Alentejo,
Umas gotas das ondas de Nazaré,
A visão das pontes no Rio Douro,
Uma pitada das pedras do Caminho de Santiago,
As lágrimas que você derramou diante da basílica…
Os telhados de Madri,
A brisa suave dos parques de Berlim,
(ouvindo a Filarmônica)
Uma xícara das águas do Danúbio (lá dos lados de Budapeste),
Misture tudo nas cem cúpulas de Praga…

Daí tempere com a certeza 
(Plena!)
Que me invade,
Diante da imensa saudade que sinto de ti…


Te amo Brujita!

Sobre a melancolia

Preciso dar logo um jeito
nessa melancolia...

Qualquer dia desses, 
ela toma corpo,
e vira tristeza...

Tempranillo

Saudade de tu abrazo…

Desgarbado me sirvo una taza... 
Sólo la forma en que me enseñaste

Tempranillo

Temprano 
Rojo
Vino

Beso
Gusto
Cariño…

Toque
Olor
Calor…

Siento su presencia
¿Estoy soñando?


El ruido de la lluvia me confirma
Que tu eres aqui

Boas novas de Madri

A lua (imensa)
bate à janela
trazendo boas novas
lá das bandas de Madri...

Disse que te viu, graciosa,
em um café da Plaza Mayor.

Duvidei...

Daí, ela me contou segredos,
(que só eu sabia)
sobre o brilho dos teus olhos 
da cor do mel...

Abri as cortinas do quarto

e deixei a luz entrar…

Sobre as definições

Pesquisei Neruda, Vinicius, Chico, Drumond
e Caetano…

Houaiss, Aurélio e Larousse…

Resgatei escritos dos cadernos da adolescência…

Procuro uma palavra.
Uma só palavra,
que defina o meu amor por você…

Seria ele 
Lindo?
Intenso?
Pleno?
Completo?
Cúmplice?
Mágico?

Daí me lembro que certa vez você me disse, 
que nosso amor é amor de alma…

Me rendo…

Os cadernos voltam para as gavetas

Os poetas retornam às estantes…

Definido está:


Amor del alma mia…

Tua ausência

Ah! A tua ausência...

É estilete que vai fundo

e machuca a alma

Tira a graça do dia

Estica o tempo...

até perto da desesperança

Desbota o por de sol

Esconde as estrelas

Faz a Lua ficar minguante

e acende toda aquela insegurança

que eu pensei ter deixado lá atrás

em algum dia de minha vida

Brujita mia

Yo no creo en brujas
pero que las hay...
las hay...



Muy hermosa brujita
Con sus ojos del color de la miel

Ha hechizado mi alma
Rompió las paredes... (y los muros)
Descubrió los caminos del alma mia

Y con su luz de color
Encendió las esquinas de la casa.

Namasté, brujita mía

Tabua de Ipê


Tabua de Ipê
Cheiro de mato
Cortina de renda
Luz de janela
Papel de seda
Teu riso...
Cadê?

Luz da manhã


A luz da manhã
Ditou o poema,
Coloriu o dia,
Acordou o mundo,

Só não me disse o porque...

Chuva

A chuva,
(que pensei ter deixado lá fora)
agora pinga no tapete...
fecho os olhos e escuto:
teu nome... teu nome... teu nome...

Piedade

Minha armadura rachada...
Tua mão delicada...
Com fino florete
(Conheces minhas frestas)
Certeira, sem dó, atravessou 
(Doeu...)

Faz mais não!

Magenta

Londrina,
Cada vez que aqui compareço,
sinto tua presença...
Arrepiando a minha pele.

A terra vermelha,
"Vermelha não! é magenta!",
(disse a menina no aeroporto)
volta comigo para casa.

Hoje, quando alçamos vôo
A Lua surgiu desbundante
Estava escondida atrás das nuvens...
Só espiando...
exibida que é, partiu logo para desafiar
imagine só!
O Pôr-do-Sol!

Esteve espiando também,
escondida atrás do Pico do Moleque,
Quando (primeira de muitas vezes)
eu disse que te queria

A esquina das baratas

Todas as noites eu passo
pela esquina das baratas.
Quando eu era pequeno, fraco e descalço,
elas saiam assanhadas do bueiro
e eu pulava assustado da calçada...
Pois elas poderiam vir devorar os meus pés,
e subir pelas minhas pernas
e eu nada poderia fazer...
pequeno, fraco e descalço

Mas hoje sou grande, forte e calçado
e caminho com passos decididos!
E ao sentir os meus passos,
elas voltam assustadas para o bueiro,
pois sabem muito bem que eu poderia
esmagá-las sob as solas dos meus sapatos!

Mesmo assim, dou a volta,
não as provoco...
pois sei muito bem que elas poderão um dia
descer à profundidade dos bueiros,
e viajar por entre os esgotos
e aparecer no ralo do meu banheiro
e depois na sala
e no quarto, tomar a minha cama,
devorar os meus pés
e subir pelas minhas pernas
e eu nada poderei fazer,
pois sou grande, forte e calçado,
mas estarei dormindo...

Geada

A geada,
branca e bela,
queimou a flor no jardim.
A razão entende
e aceita...
O coração não.